sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A Arena das Cabras






Podemos dizer que “Nunca antes na história deste país” o grande bloco de defesa da hegemonia do capital – também conhecido como direita brasileira – , esteve tão próximo de atingir o ápice de seu domínio de massa e exposição na mídia.


Duas situações no início desta semana agitaram as redes sociais e fizeram explodir os debates ligados à Ditadura Militar e a relação de confronto x harmonia entre heterossexuais e homossexuais.


Fantasmas do passado sairam do armário e comemoram a volta da ideia de um partido ligado às tradições mais conservadoras, respeitando os valores mais puritanos da Nova Aliança Renovadora Nacional, o antigo Arena, braço político da Ditadura no país.


O novo Arena pretende ser um partido que "possui como ideologia o conservadorismo, nacionalismo e tecno-progressismo, tendo para todos os efeitos a posição de direita no espectro político; devendo as correntes e tendências ideológicas ser aprovadas pelo Conselho Ideológico, visando a coerência com as diretrizes partidárias. A Arena, em respeito à convicções ideológicas de Direita, não coligará com partidos que declaram em seu programa eestatuto a defesa do comunismo, bem como vertentes marxistas".


Essa é a visão de uma estudante gaúcha de Direito, que aqui não merece ter nome informado, de 23 anos e alguns lindos sonhos na cabeça, como :


- Abolição de quaisquer sistemas de cotas raciais, de gênero, ou condições "especiais", redução da maioridade penal para dezesseis anos, maior participação da família em questões sociais, maior força à proteção armada, restabelecimento da ordem severa, etc, etc.


A idealista estudante pelo menos se fez sincera, já que segundo ela "politicamente, a direita brasileira é um horror. Não existe. Tem vergonha de se assumir. É a única direita que se vende para a esquerda". E nisso merece meu respeito, pois tomou partido.


Já a “Revista Veja” deveria ser tão verdadeira quanto a estudante gaúcha e assumir o lado direito da santa ceia na sociedade brasileira.


É chegado o momento de se tomar uma atitude definitiva, de imposição de editorial e seguir o caminho da imprensa americana, que eleição após eleição declara apoio ou crítica aos democratas e republicanos.


Sabemos todos que o famoso PIG (Partido da Imprensa Golpista) está com a direita no Brasil (leia-se PSDB e partidos aliados da pseudo-socialdemocracia).


A “Veja”, como expoente grotesco desse jogo se diz imparcial e independente, mas quando não faz jogo de cena apoiando candidatos tucanos, faz besteira dando espaço para seus colunistas para que estes destruam a paciência de qualquer leitor que deseje o mínimo de qualidade editorial.


A última pérola, a infeliz comparação da relação homossexual com a ligação amorosa entre um homem e uma cabra fez rebentar sinceros movimentos de comunidades GLBTs e de diversos indivíduos homossexuais em um levante não mais oprimido contra o Grupo Abril e todo o comando da editora.


As manifestações deixaram de ser parcas e o clima de hostilidade à revista é talvez o maior já atingido, talvez desde a sua criação.


Parece que, mesmo tardiamente, uma parcela importante da população no país resolveu dizer um sonoro não à tentativa de golpe midiático imposto por veículos tendenciosos e mormente cortejadores dos grandes senhores do capital nacional.


Esse bloco começa a se preparar para desembocar na Arena das Cabras, um ringue brutal que promete separar dois campos ideológicos distintos: De um lado, saudosistas do tempo em que liberdade era uma palavra que causava frio na espinha, e de outro um exército de cabras, sonhadores e libertários que só esperam sair do ringue sem que o sangue tenha que ser novamente derramado.