Desde 1994, quando o falecido ex-governador Mario Covas assumiu o poder, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), comanda a cidade de São Paulo com o mesmo mantra neoliberal que conquista e inebria a população paulista.
Avesso às mudanças, o eleitor de São Paulo corroborou por cinco mandatos o partido tucano, dando duras derrotas a nomes consagrados da política da cidade (para o bem ou para o mal).
Maluf perdeu em 1994 e 1998, principalmente por avalizar o governo do também falecido Celso Pitta 1946-2009, que foi um verdadeiro desastre administrativo e ético na prefeitura, o que acabou respingando negativamente nas duas campanhas para o palácio dos bandeirantes.
Em 2002 com Genuíno e 2006 e 2010 com Mercadante, o PT também não conseguiu fazer força à maior frente política da cidade, desta vez nitidamente por recusa do eleitor paulista.
A cidade de São Paulo, e por extensão todo o nosso Estado, não tem a menor intenção de mudança.
Para maior parte dos moradores do nosso distrito, as questões de segurança, saúde, emprego e, principalmente, transporte público, estão ótimas, não merecendo ruptura alguma.
A magia inebriante do PSDB em São Paulo é um evento que tem que ser estudado por renomados antropólogos, sociólogos e psicanalistas.
Como um Estado tão precário e desigual consegue fazer com que os seus principais problemas sejam esquecidos de quatro em quatro anos e maquiados em uma campanha suja, que por contraste absoluto, higieniza nossa sujeira?
O Estado deveria se mover, mas tanto não se move, tanto não progride que até a população se acostumou a ficar parada.
Todos os dias, milhões de paulistanos se amontoam em busca da conquista pura do direito de ir e vir, garantido em constituição.
Para quem sai de casa de carro, a cidade de São Paulo beira o caos, pois a cada dia o índice de carros novos despejados nas ruas e avenidas é infinitamente maior do que o investimento das autoridades tucanas em melhorias de acesso e logística para desafogar o fluxo nas principais vias da cidade.
Mesmo assim, paradinhos, enfileirados e domados, os eleitores do PSDB se confortam em ficar presos em seus carros, no ar condicionado, contemplando sua solidão e individualismo. Ainda ouvem no rádio que o trafego acaba de bater novo record, mas só pensam em chegar logo em casa e pegar o começo do Jornal Nacional, para quem sabe se interarem um pouco mais das notícias do dia.
Mas a notícia está nas ruas.
Denúncia de verdade é a notícia de que mais de seis milhões de usuários de ônibus e trens metropolitanos se espremem e se engalfinham todas as manhas e fins de tardes para competir contra o individualismo dos carros, ao invés de haver uma solução harmônica para o fim de todo esse caos.
Quem depende do transporte público em São Paulo chega a demorar quase seis horas diárias para realizar o trajeto casa-trabalho, trabalho-casa.
Contando que a média de um trabalho compromete de seis a nove horas de diárias, um paulistano menos sortudo – que depende de algum tipo de veículo de transporte de massa – chega a gastar até 15 horas diárias no compromisso de se deslocar ao trabalho e realizar suas tarefas no emprego.
Se esse paulista ainda sonha em dormir suas “justas oito horas” todas as noites, sobra apenas UMA HORA para realizar qualquer outro tipo de dever, tarefa ou prazer.
Em uma hora, o eleitor do PSDB tem que cuidar de seus filhos, conversar com seus parentes, tomar banho, realizar qualquer tipo de desejo pessoal, ligar para os amigos, assistir seu programa favorito na TV...
Sim, não dá, é humanamente impossível.
Mas mesmo assim, após mais de 18 anos no poder, a população da cidade pretende mais uma vez entregar a prefeitura ao partido tucano.
Já entregou uma vez, ao mesmo Serra que hoje se recandidata, e o mesmo não satisfeito, usou o cargo de trampolim para se tornar governador.
Kassab assumiu e deu no que deu.
Serra – o candidato que fez com que São Paulo tivesse o maior número de pedágios no país, que infernizou o dia a dia dos professores não dando qualquer tipo de apoio aos docentes e sucateou o ensino estadual, o cara que pouco fez para investir no metrô – hoje é o candidato que representa um partido que em 18 anos no poder entregou apenas uma estação em ano ímpar, em 2007 do Alto do Ipiranga. As demais foram todas inauguradas em ano de eleição, no qual o PSDB caprichou em espalhar pela cidade o seu bom mocismo governamental, apoiado por campanhas mentirosas, maquiadas em marketing pesado e com o mídia do Estado, que também é feliz e inebriada com o comando tucano.
Cabe ao Pobre Paulista, mais uma vez decidir o futuro da cidade.
Que seja o Tiririca, mas não José Serra e o seu bando tucano do PSDB.